Robezio Marques
Salão de Arte
A instituição Salão de Arte, tão combatida nos últimos anos, acabou se tornando ineficaz. Não se pode esperar hoje que um salão seja uma mostra top de linha, pois o universo de trabalho de quem seleciona é cada vez mais limitado. Artistas com alguma estrada quase não se inscrevem mais, preferindo esperar por uma inserção no panorama via convite em projetos de curadores da corrente principal (livre tradução para mainstream).
A instituição Salão de Arte, tão combatida nos últimos anos, acabou se tornando ineficaz. Não se pode esperar hoje que um salão seja uma mostra top de linha, pois o universo de trabalho de quem seleciona é cada vez mais limitado. Artistas com alguma estrada quase não se inscrevem mais, preferindo esperar por uma inserção no panorama via convite em projetos de curadores da corrente principal (livre tradução para mainstream).
Julio Lira |
O Salão de abril, em Fortaleza, um dos mais antigos do Brasil, vem resistindo. Há pouco deixou de ser local, e nele hoje quase não se vê artista cearense. A mudança de foco deu uma oxigenada na mostra criando uma sintonia com o tempo que há muito se havia perdido. Neste ano, porém, houve um brusco retrocesso. A vocação experimentalista que vinha se esboçando cedeu lugar, com algumas exceções, ao formalismo em seu sentido mais pejorativo. Tudo parece datado, e mais que tudo, a seleção de pinturas. No melhor e no pior exemplo desta modalidade temos telas hiperrealistas (o Hiperrealismo, ou Fotorrealismo, foi uma escola de pintura que surgiu e repercutiu nos Estados Unidos no final dos anos 60). Falta aqui densidade, questionamentos, pesquisas, inventividade, quase tudo descambando para o decorativo.
Salão de Abril 2
Na fotografia, merece atenção o trabalho do cearense Julio Lira, com imagens de túmulos de um cemitério vertical de La Paz, montadas de forma serial, nos quais visitantes (do cemitério) fazem inteferencias nem sempre solenes ou fúnebres. Há também duas boas instalações que expandem com inteligência questões de duas linguagens tradicionais: A escultura, no caso da paulista Marilia Furnan, que ergue pequenos cacos de vidros com pequenas ferramentas vermelhas (espécie de chave-inglesa), e o desenho, que a goiana Yara Pina Mendonça leva a extremos ao povoar seu espaço, de maneira quase performática com papel e carvão, entre outros elementos. Ambos os trabalhos foram bastante prejudicados pela montagem.
Salão de Abril 3
Também merecem menção a obra de Paul Cezanne, instigante embate entre desenho e pintura e a intervenção onomatopaica do cearense Robézio Marques, que deve se estender pela cidade, aqui também prejudicada pela montagem que faz com que seu trabalho se mescle com um outro (um gramado plantado no corredor interno de uma das entradas da exposição, recurso já utilizado pelo próprio Robézio, com outra conotação, e pela também cearense Sabyne Cavalcante, neste caso, de forma bastante semelhante).
Salão de Abril 2
Na fotografia, merece atenção o trabalho do cearense Julio Lira, com imagens de túmulos de um cemitério vertical de La Paz, montadas de forma serial, nos quais visitantes (do cemitério) fazem inteferencias nem sempre solenes ou fúnebres. Há também duas boas instalações que expandem com inteligência questões de duas linguagens tradicionais: A escultura, no caso da paulista Marilia Furnan, que ergue pequenos cacos de vidros com pequenas ferramentas vermelhas (espécie de chave-inglesa), e o desenho, que a goiana Yara Pina Mendonça leva a extremos ao povoar seu espaço, de maneira quase performática com papel e carvão, entre outros elementos. Ambos os trabalhos foram bastante prejudicados pela montagem.
Salão de Abril 3
Também merecem menção a obra de Paul Cezanne, instigante embate entre desenho e pintura e a intervenção onomatopaica do cearense Robézio Marques, que deve se estender pela cidade, aqui também prejudicada pela montagem que faz com que seu trabalho se mescle com um outro (um gramado plantado no corredor interno de uma das entradas da exposição, recurso já utilizado pelo próprio Robézio, com outra conotação, e pela também cearense Sabyne Cavalcante, neste caso, de forma bastante semelhante).
Marilia Furnan |
Salão de Abril 4
Assim, entre diluições (MADI, Richard Deacon) e pegadinhas (um artista com pintura simula espelhos redondos que refletem, do alto, vários ângulos do salão), a esperada mostra de abril já precisa se repensada.
Assim, entre diluições (MADI, Richard Deacon) e pegadinhas (um artista com pintura simula espelhos redondos que refletem, do alto, vários ângulos do salão), a esperada mostra de abril já precisa se repensada.
PS 1: O Vídeo, uma das modadidades de arte mais utilizadas pelos artistas cearenses ficou de fora desta edição do Salão de Abril.
PS 2: Justíssima a homenagem a Heloísa Juaçaba, grande artista e mecenas. Sua mostra, mesmo pequena, é de grande qualidade. O Salão poderia homenagear também outra grande dama da arte do Ceará: Ignez Fiuza, pioneira do mercado de arte local, que ajudou na profissionalização de muitos artistas.
Yara Pina Mendonça
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