do cearense Zenon Barreto. Para fazer a curadoria da mostra, tive acesso a uma quantidade razoável de trabalhos pertencentes a duas coleções de familiares do artista, falecido há 10 anos. Optei por um recorte no qual a figuração e a construção se fundem ora com a inserção de códigos figurativos numa seara dominada pela abstração geométrica, ora incorporando linhas geométricas às composições claramente figurativas. A mostra ocupa quatro salas do museu e certamente dará ao público uma boa idéia do talento, do refinamento, das inquietações, enfim, da importância de Zenon para a arte local e nacional.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
CINEFILIA
Oscar 1
O Oscar é um prêmio da indústria estadunidense, diferentemente da Palma de Ouro de Cannes, do Leão de Ouro de Veneza e do Urso de Ouro de Berlim, dedicados à arte do cinema no mundo todo com espaço inclusive para a experimentação.
Oscar 2
O Oscar principal, com algumas exceções, passa ao largo da história do cinema e quando se aproxima dela é pra consolidar sua posição de fomento ao descartável. Isto ocorreu de forma emblemática em 1984, quando o desconhecido (até hoje) diretor James L. Brooks, com o fraquíssimo Laços de Ternura (alguém se lembra?) tirou o prêmio de melhor diretor de Ingmar Bergman com o clássico Fanny e Alexander. No mesmo ano, Era Uma Vez na América, de Sergio Leone, ficou fora de todas as indicações.
Oscar 4
O prêmio para filme estrangeiro, que no passado contemplou maravilhas como Ladrões de Bicicleta, de De Sica, Rashomon e Dersu Uzala, de Kurosawa, Meu Tio, de Tati, A Estrada da Vida, Noites de Cabíria, Oito e Meio e Amarcord, de Fellini, O Discreto Charme da Burguesia, de Buñuel , Através do Espelho e, inclusive, Fanny e Alexander, de Bergman, há muito se empenha em contemplar os que seguem a cartilha de Hollywood no resto do mundo. Podemos exemplificar isso com Pedro Almodóvar, um realizador superlativo, inquieto e transgressor, que foi contemplado por Tudo Sobre Minha Mãe, a mais convencional de suas obras. Fale Com Ela, muito superior e que veio logo a seguir, nem chegou a ser proposto para indicação pelo seu próprio país, mesmo já sendo um sucesso internacional.
Oscar 5
Antonioni, Pasollini, Rossellini, Visconti, Ozu, Angelopoulos, Resnais, Manoel de Oliveira, Mizoguchi, Godard, Demy, Paradjanov, Bresson, Wajda, Tarkovski, Kieslovsky, Kieslovski, Kiarostami, Makhmalbaf, Max Ophuls, Hitchcock, Jean Renoir, Dreyer, Rohmer, Fernando Solanas, Emir Kusturica, Glauber Rocha ficaram fora desse universo, assim como os estadunidenses Chaplin, Welles, Cassavettes, Losey, Kubrick e Altman.
Oscar 5
Obviamente a fábrica Hollywood possui tentáculos que tocam "críticos" no mundo todo. No Brasil, então, poucos escapam. Um fato esclarecedor disso: Quando Avatar, o produto mais rendoso do cinema em todos os tempos perdeu o prêmio para o fracassado nas bilheterias Guerra ao Terror (o título nacional é banal, mas o filme não), o popular Rubens Ewald Filho, um bravo guerreiro na luta pelo achatamento cultural dos brasileiros, falou no calor da emoção/frustração que aquilo era um tiro no pé academia.
Oscar 6
Não deixa de ser surpreendente a quase unânime aclamação da crítica nacional ao longa iraniano A Separação, de Asghar Farhadi, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Ele é realmente muito bom.
A Separação
O cinema Iraniano que dominou o cenário "cult" dos anos 90, volta a brilhar com a simplicidade e o vigor criativo de sempre. Aqui, tendo como partida uma intenção de divórcio numa sociedade machista e teocrática, somos levados a vivenciar uma sequência de fatos e reviravoltas, que nos deixam com o coração na mão e a alma suspensa até o final dos letreiros finais (mais não se deve dizer pois, embora o suspense não seja o principal objetivo desta comovente e nada maniqueísta radiografia da essência humana, contribui enormemente para sua força narrativa). O filme ganhou em Berlim o Urso de Ouro de melhor filme e também os prêmios de melhor ator e de melhor atriz, que foram merecidamente divididos entre os dois casais protagonistas. Poderia ter sido estendido à ótima Sarina Farhadi, que faz a filha adolescente do casal que se divorcia. Seu rosto nos acompanha por muito tempo depois da projeção.
O Oscar é um prêmio da indústria estadunidense, diferentemente da Palma de Ouro de Cannes, do Leão de Ouro de Veneza e do Urso de Ouro de Berlim, dedicados à arte do cinema no mundo todo com espaço inclusive para a experimentação.
Oscar 2
O Oscar principal, com algumas exceções, passa ao largo da história do cinema e quando se aproxima dela é pra consolidar sua posição de fomento ao descartável. Isto ocorreu de forma emblemática em 1984, quando o desconhecido (até hoje) diretor James L. Brooks, com o fraquíssimo Laços de Ternura (alguém se lembra?) tirou o prêmio de melhor diretor de Ingmar Bergman com o clássico Fanny e Alexander. No mesmo ano, Era Uma Vez na América, de Sergio Leone, ficou fora de todas as indicações.
Oscar 4
O prêmio para filme estrangeiro, que no passado contemplou maravilhas como Ladrões de Bicicleta, de De Sica, Rashomon e Dersu Uzala, de Kurosawa, Meu Tio, de Tati, A Estrada da Vida, Noites de Cabíria, Oito e Meio e Amarcord, de Fellini, O Discreto Charme da Burguesia, de Buñuel , Através do Espelho e, inclusive, Fanny e Alexander, de Bergman, há muito se empenha em contemplar os que seguem a cartilha de Hollywood no resto do mundo. Podemos exemplificar isso com Pedro Almodóvar, um realizador superlativo, inquieto e transgressor, que foi contemplado por Tudo Sobre Minha Mãe, a mais convencional de suas obras. Fale Com Ela, muito superior e que veio logo a seguir, nem chegou a ser proposto para indicação pelo seu próprio país, mesmo já sendo um sucesso internacional.
Oscar 5
Antonioni, Pasollini, Rossellini, Visconti, Ozu, Angelopoulos, Resnais, Manoel de Oliveira, Mizoguchi, Godard, Demy, Paradjanov, Bresson, Wajda, Tarkovski, Kieslovsky, Kieslovski, Kiarostami, Makhmalbaf, Max Ophuls, Hitchcock, Jean Renoir, Dreyer, Rohmer, Fernando Solanas, Emir Kusturica, Glauber Rocha ficaram fora desse universo, assim como os estadunidenses Chaplin, Welles, Cassavettes, Losey, Kubrick e Altman.
Oscar 5
Obviamente a fábrica Hollywood possui tentáculos que tocam "críticos" no mundo todo. No Brasil, então, poucos escapam. Um fato esclarecedor disso: Quando Avatar, o produto mais rendoso do cinema em todos os tempos perdeu o prêmio para o fracassado nas bilheterias Guerra ao Terror (o título nacional é banal, mas o filme não), o popular Rubens Ewald Filho, um bravo guerreiro na luta pelo achatamento cultural dos brasileiros, falou no calor da emoção/frustração que aquilo era um tiro no pé academia.
Oscar 6
Não deixa de ser surpreendente a quase unânime aclamação da crítica nacional ao longa iraniano A Separação, de Asghar Farhadi, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Ele é realmente muito bom.
A Separação
O cinema Iraniano que dominou o cenário "cult" dos anos 90, volta a brilhar com a simplicidade e o vigor criativo de sempre. Aqui, tendo como partida uma intenção de divórcio numa sociedade machista e teocrática, somos levados a vivenciar uma sequência de fatos e reviravoltas, que nos deixam com o coração na mão e a alma suspensa até o final dos letreiros finais (mais não se deve dizer pois, embora o suspense não seja o principal objetivo desta comovente e nada maniqueísta radiografia da essência humana, contribui enormemente para sua força narrativa). O filme ganhou em Berlim o Urso de Ouro de melhor filme e também os prêmios de melhor ator e de melhor atriz, que foram merecidamente divididos entre os dois casais protagonistas. Poderia ter sido estendido à ótima Sarina Farhadi, que faz a filha adolescente do casal que se divorcia. Seu rosto nos acompanha por muito tempo depois da projeção.
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