Cinema francês de mal a pior Um país que já nos deu Feyder, Gance, Renoir, Resnais, Vigo, Carné, Bresson, Godard, Demy, Truffaut, Rohmer, Tati, Eustache, Sautet, Varda, Rivette, Chabrol, Pialat, parece que começou a fazer cinema agora com os roliuduanos O Artista, Oscar do ano passado, e Intocáveis, segunda maior bilheteria da França na história. Intocáveis é a total redenção à cinematografia dominante, pois não contem uma cena que não seja construída em cima de clichês. É inacreditável que seja baseado em fatos reais O filme começa com uma cena de perseguição automobilística de rotina, que culmina numa situação patética de humor batido. E assim vai. Situações de Drama e humor tão banais que nem os ótimos atores principais conseguem tornar verossímeis. A trilha sonora, com chavões eruditos (Vivaldi, Mozart...) e pops ( Earth, Wind and Fire...) potencializa a nossa irritação. O poeta já dizia: Pare o mundo que eu quero descer!
Pare o mundo que eu quero subir O filme chileno Violeta foi para o céu, de Andrés Wood, retrata em cores sombrias a compositora Violeta Parra, autora de maravilhas como Volver a los 17, gravada por Milton nascimento e Mercedes Sosa, e Gracias a la Vida, grande sucesso na voz de Elis Regina. Francisca Gavilán, magnífica atriz, incorporou a personagem com a mesma intensidade e talento com que a francesa Marion Cotillarddeu vida a Edith Piaf, mas tem a seu favor um filme bem mais denso, inventivo e poético. Os tormentos internos e as frustrações de uma artista que acreditava que sua arte e sua cultura poderiam melhorar o mundo, encontram aqui a narrativa perfeita. Nada é catártico, mas cada fotograma está impregnado de emoção. A sequência na qual interpreta Volver a los 17, colocando seu significado em várias situações distintas, é das mais fortes do cinema atual. O filme representaria o Chile no Oscar, mas não conseguiu (obviamente) ficar entre os finalistas, mesmo tendo ganhado o Festival Sundance, também nos Estados Unidos, voltado para o cinema "independente". Aliás, Sundance e Oscar nunca coincidiram em nenhuma premiação.
Noite de Piazzolla Casa cheia e vibrante, boa acústica, orquestra afinada, maestro competente e carismático, violinista convidado de alto padrão técnico e, sobretudo, um repertório excepcional, com grande ênfase na obra de Astor Piazzolla, incluindo algumas obras mais eruditas (Adios Nonino, acreditem, ficou de fora). Valeu a pena vencer o cansaço (preguiça?) e cruzar a cidade até o belíssimo teatro José de Alencar (acima em foto de Alex Uchôa) porque em Fortaleza quase não se vê algo assim. A orquestra Eleazar de Carvalho, sob a regência de Arthur Barbosa e o violinista e arranjador argentino Alejandro Drago, propiciaram uma noite de densas emoções com alguns momentos de deliciosa descontração, como quando, num trecho da antológica Libertango (composta para a ópera Maria de Buenos Aires), maestro e solista trocam e destrocam de posição, numa perfeita noção de tempo, levando a plateia quase ao delírio (ver no vídeo abaixo). Que venham mais programas como este. Afinal de contas, temos uma orquestra em plena evolução e um público bastante interessado (e carente).
Perda Morreu aos 90 anos Judith Crist, importantíssima crítica de cinema estadunidense, séria, culta, muitas vezes sarcástica, mas nunca leviana; inteligência e integridade de um tipo que hoje está em extinção. Muito da minha paixão por cinema se deve ao seu livro De Cleópatra a Bonnie & Clyde, que lia aos pedaços na Biblioteca do IBEU, aqui em Fortaleza, em meados de 70. Detonava quase tudo que eu gostava aos 12 ou 13 anos, e isso me instigava. Amava odiá-la.
No final de Decameron, Pasolini interpretando Giotto, questiona: "Por que realizar uma obra, se é tão belo apenas sonhá-la?" A obra sonhada e realizada é uma parte do Juízo Final, um dos 40 afrescos pintados pelo artista, entre 1303 e 1305, na Capela Scrovegni em Padova, na Itália. É a obra mais importante de Giotto, tendo inclusive inspirado Michelangelo na pintura da Capela Sistina.
Cena final de Decameron, de Pasolini
Inferno de Dante
O trabalho, revolucionário tanto na inclusão da perspectiva na pintura quanto na humanização das figuras representadas (estas as maiores contribuições de Giotto para a história da arte) foi encomendado pelo banqueiro Enrico Scrovegni (retratado na citada cena do Juízo Final, apresentando uma maquete da capelaà Virgem Maria) que, sendo filho do agiota Reginaldo degli Scrovegni, um dos personagens do Inferno de Dante Alighieri, queria certamente assegurar seu lugar no Paraíso. Conseguiu pelo menos a redenção entre os mortais.
Documenta A Documentaacontece na cidade de Kassel, na Alemanha, desde 1955, a cada cinco anos. Continua sendoa mostra de arte mais importante do planeta, seguida pela Bienal de Veneza.
Documenta 2 A primeira edição da Documenta de Kassel foi organizada pelo artista plástico Arnold Bode com a intenção de mostrar a arte alemã“degenerada”, proibida de ser mostrada até o fim da segunda guerra. O nacional-socialismo detestava a arte de “vanguarda”.
Documenta 3 Antes da nona edição, a mostra era praticamente eurocêntrica. Foi o belga Jan Hoet quem mudou isso incorporando todos os continentes. O Brasil teve ali quatro representantes: Cildo Meireles, Waltércio Caldas, Jac Leirner e José Rezende. Aquela foi a primeira Documenta que visitei, e ainda a tenho como a melhor (fui a todas desde então). Anos depois, o mesmo Hoet, juntamente com Phillipe Vancauteren, foi curador da Bienal Ceará América (projeto nosso à frente do MAC Dragão do Mar), mas esse é um assunto para outra ocasião.
Documenta 13 Não há na atual edição da mostra alemã qualquer semelhança com asrecentes grandes exposições do gênero, cada vez mais afinadas com as feiras de arte. A arte, aqui, parece reencontrar o rumo de sua história, abrindo espaço para a prospecção. Causou uma certa polêmica o deslocamento de documentações históricas e experimentos científicos (físicos, biológicos, etc) para o universo da arte (por mais expandido que ele se encontre nesta edição da Documenta), o que pode ser entendido também como expansão das colocações de Duchamp que permearema arte do último século. Nada é espetacular oumajestoso, e não há qualquer tipo de apelo midiático. É uma mostra para quem tem grande repertório em arte contemporânea.
Deslocamentos Quem não entende de física quântica, certamente passará batido pela sala dedicada às pesquisas do cientista Anton Zeilinger, mas, mesmo quem não conhece muito de botânica poderá se comover com as pinturas documentais do padre – jardineiroda Bavária Korbinian Aigner, feitas quando cultivava maçãs no campode concentração em Dachau, onde era prisioneiro. Desse cultivo, aliás, surgiram, além das pinturas, quatro novas variedades da fruta (batizadas com seu nome, como de costume nessa área). Em Kassel foram plantadas algumas e isto cria uma delicada relação com outras obras que foram ficando na cidade ao longo da existencia da Documenta como os 7000 Carvalhos de Beuys, e as esculturas de Claes Oldenburg e Jonathan Borowsky. Pode-se “vivenciar “também sem dificuldades a proposta de criação, no parque Karlsaue, de uma espécie de ecossistema experimental, pelo artista francêsPierre Huyghe, juntando, como ele mesmo diz,“artefatos, elementos inanimados e organismos vivos ... plantas, animais, seres humanos, bactérias...O que ocorre entre estes elementosnão tem nenhuma script. Há antagonismos, associações, hospitalidade e hostilidade, corrupção, separação e degeneração ou colapso” O que resultar disso certamente se juntará às heranças acima citadas.
Pierre Huyghe - Untilled
No mesmo parque, numa ponte improvisada com pequenas barcaças, o suiço Christian Philipp Müllercriou uma horta de acelgas de coloraçõese sabores variados onde o visitante é convidado a provar as folhas desfrutando de seus diferentes sabores.
Christian Philipp Müller - The New World
Analogia A inclusão de nomes comoSalvador Dalí, Konrad Zuse, Giorgio Morandi, Gustav Metzger,Maria Martins, Man Ray e Julio González, pode parecer estranhanum contexto como este, mas faz parte de uma das vertentes curatoriais que pretendefazer uma analogia entre os dias atuais e os anos 30 e 40 pelo fato do mundo nestes dois temposenfrentarcrises de naturezas similares, incluindo aí algumas guerras.
Fotografia e Vídeo A fotografiaé a grande ausente nesta mostrae os vídeos são quase sempre complementos de instalações ou performances. São estes, no entanto, fundamentais nosmomentos mais fortes da mostra como na obra The Refusal of Time do sul africano Willian Kentridge, tão emocionante que arranca aplausos no final, e em Alter Bahnhof VideoWalk, da dupla canadense Janet Cardiff e George Bures Miller que nos deixa atordoados (mas também encantados), confundindo passado e presente, real e virtual,ao seguirmos, numa estação de trem, o percurso repleto de ações (música, dança, performances) filmado dias antes pelos artistas, o qual visualisamos na telinha de um ipod orientados pela voz de Cardiff. A dupla também criou uma comovente instalação sonora mas absolutamente imagética, sob as àrvores do parque Karlsaue, onde podemos vivenciar os bombardeios aéreos sofridos pela cidade de Kassel, provavelmente naquele mesmo local, durante a segunda guerra mundial. Merece honrosa menção também o vídeo Raptor’s Rapture,da dupla Allora e Cauzadilla exibido num Bunker. Nele uma flautista especializada em instrumentos pré-históricos extrai som de uma flauta fabricada pelo homo-sapiens há 35 mil anos, com o osso da asa de um grifo (um dos mais antigos habitantes da terra). A música começa quando começa a humanidade. No vídeo, a flautista toca na presença desta mitológica ave quase extinta.
Willian Kentridge - The Refusal of Time (trecho)
Janet Cardiff e George Bures Miller - Alter Bahnhof Video Walk
Janet Cardiff e George Bures Miller - For a Thousand Years
Merece honrosa menção também o vídeo Raptor’s Rapture,da dupla Allora e Cauzadilla exibido num Bunker. Nele uma flautista especializada em instrumentos pré-históricos extrai som de uma flauta fabricada pelo homo-sapiens há 35 mil anos, com o osso da asa de um grifo (um dos mais antigos habitantes da terra). A música começa quando começa a humanidade. No vídeo, a flautista toca na presença desta mitológica ave quase extinta.
Allora & Calzadilla - Raptor's Rapture ( frame de vídeo)
Pluralidade
A compreenção degrande parte das obras , depende de bulas emanadas por elas próprias e não de relações estabelecidas na elaboração de um discurso.Muitas indagações ficarão sem resposta, segundo a própria curadoraCarolyn Christov-Bakargiev. Não é fácil, por exemplo, encontrarmos uma explicação parasala no térreo do museu Fridericianumonde acuradora reuniu inúmeras obras aparentemente sem conexão. De cerâmicas de 2000 antes de Cristo a Giorgio Morandi; de peças de uso pessoal de Hitler à foto de um pequeno lago no Cambodja que teve origem com a explosão de uma bomba durante a guerra do Vietnan. De Lawrence Weinera objetos danificados durante a guerra civil libanesa. Esta sala, porém, nos seus mínimos detalhes, nos acompanha como um guia por toda a visita, permanecendo conosco muito tempo depois. É aconselhável, portanto, que se inicie o percurso pelomuseu Fridericianum, grandetemplo da mostra ( até a Documenta 9 era o único espaço expositivo).
Pratchaya Phinthong - Sleeping Sickness
Fridericianum Logo na entrada do museu somos surpreendidos pelo vaziodas tres grandes salas de entrada (nenhuma referencia à nossa penúltima bienal, certamente, embora aquela de Ivo Mesquita e a anterior a ela, de Lisette Lagnado, dialoguem melhor com esta Documenta do que a mais recente, que optou por não correr riscos ). Porém, depois de algum tempo, sobretudo quando lemos uma legenda na parede, é que percebemos que ali existe uma brisa totalmente artificial de procedência não perceptível, obra do inglês Ryan Gander. Uma quarta sala vazia contém a peça sonora da paquistanesa Ceal Floyer, na qual ouvimos repetidamente o refrão de uma canção de Tammy Wynette que diz “I’ll just Keep on/ ‘til i get it right”.Quase na mesma “paleta” está a obra do tailandesPratchaya Phinthong, na qual um casal de moscas Tse Tse (ela fértil, ele esterilizado), dorme(ou está morto). Aqui é uma cúpula de vidro quem define: Isto é arte. O artista chama a atenção de maneira crua, nada “poética”, para a possibilidade de métodos ambientalmente sustentáveis para o impedimento da disseminação da doença do sono que atinge milhares de pessoas, sobretudo na África, todos os anos.
Drama
No próprio Fridericianum duas obras se contrapõem, no conteúdo e no formato, às citadas acima, por exibirem dramas intensos. A primeira é a belíssima série de 769 gouaches autobiográficos da alemã judia Charlotte Salomon, morta em Auscwitz, nos quais descreve através de imagens e textos como foi sua vida e a de sua famíliadesde o suicídio da avó, em 1913, até o fortalecimento do nazismo ao qual sucumbiu. A outra, do argelino-Francês Kader Attia, intitulada The repair from occident to extra-occidental cultures, coloca-nos dentro de um labirinto de estantes de estrutura quase museológica, com livros de cunho colonialista e esculturas africanas de rostos desfigurados, até chegarmos a uma projeção de slides com imagens chocantes de rostos mutilados de soldados brancos europeus que lutaram na primeira guerra mundial, que muito se assemelham às tradicionais máscaras africanas.
Charlotte Salomon - From Life? Or Theater? A Play with Music
Kader Attia -The repair from occident to extra-occidental cultures
Maratona Há outros (grandes) prazeres durante o longo percurso que nos faz circular por quase toda a cidade. A Documenta está espalhada por museus, parques, galerias, Hotéis, confeitaria, hospital, estação de trem, e até um bunker da segunda guerra mundial. A seguir mostraremos algumas imagens dos trabalhos que achamos mais significativos.
Yan Lei - Limited Art Project
Lara Favaretto - Momentary Monument IV
Adrián Villar Rojas
Istvan Csakany - Sewing Room
Rossella Biscotti - The Trial
Apichatpong Weerasethakul - weisser
Theaster Gates - 12 Ballads for the Huguenot House
Pina, de Wim Wenders Coreografias magníficas gerando grandes momentos de cinema.
As Praias de Agnès, de Agnès Varda Album de familia poético e provocativo de uma octagenária que tem muito o que arriscar. E ensinar.
Melancolia, de Lars Von Trier O que o fim do mundo representa para duas irmãs, uma feliz e outra infeliz. Trier de bom a melhor.
Meia Noite em Paris, de Wood Allen Paris para amantes cultos.
A Separação, de Asghar Fahradi Tensão até o fim dos letreiros finais.
Um Conto Chinês, de Sebastián Borensztein Leveza com densidade, especialidade argentina.
LEGAL
As Mulheres do Sexto Andar, de Jean-Louis Joubert Tocante comédia francesa de cunho social, com atrizes espanholas de Almodovar.
A Árvore do Amor, de Zhang Yimou Yimou de câmara com excepcional a atuação da estreante Zhou Dongyu
A Pele que Habito, de Pedro Almodovar Almodovar domesticado, com ecos de Hitchcock.
ASSIM ASSIM
A Dama de Ferro, de Phyllida Lloyd Superficial com relação à História, e despudoradamente feminista, vale por Meryl Streep.
A Invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese Show tecnológico. Homenagem ao cinema numa ótica escapista.
O Artista, de Michel Hazanavicius Não transcende o kitsch .
A Árvore da Vida, de Terrence Malick Ousadia inodora.
J. Edgar, de Clint Eastwood Desperdício de um bom argumento.
CD NO CARRO
Pat Metheny e Charles Haden - Beyond the Missouri Sky (Short Stories) - 1996 Guitarra e baixo de mestres num encontro bem intimista. << Two For The Road, de Henry Mancini.
Aziza Mustafá Zadeh - Always - 1993 Jazz + canto lírico + mugan (música do Azerbaijão natal da brilhante cantora, compositora e pianista). << Alaways
Fabio Zanon - The Complete Solo Guitar Music - Heitor Villa Lobos - 1997 Zanon traduz com devoção e clareza toda a complexa simplicidade destas composições. << Prelúdio n.3
Chavela Vargas - Volver a España Uma antologia da grande cantora mexicana. << La Llorona, Noche de Ronda, La noche de Mi Amor (Dolores Duran)...
Pink Floyd - The Piper at the Gates of Dawn Primeiro e um dos melhores discos da banda; explosão criativa de Syd Barret (cantor, guitarrista e principal compositor) afastado posteriormente pelo excessivo uso de drogas.
Zbgniew Preisner e Leszek Mazdzer - Ten Easy Pieces for Piano Achados melódicos + piano de Mozdzer.
DVD PARA TER
O Anel dos Nibelungos de Patrice Chereau c/ regência de Pierre Boulez Bayreuth é a pequena cidade Alemã que tem o famoso teatroFestspielhaus construído no reinado de Ludwig II (aquele magnificamente biografado por Visconti), exclusivamente para apresentação da obra de Richard Wagner. Todo ano, durante um mês, acontece um festival cujo ponto alto é a tetralogia O Anel dos Nibelungos composta pelas óperas O ouro do Reno, A valquíria, Siegfried e O Crepúsculo dos Deuses . Para a montagem comemorativa do centenário da estréia desse monumento Wagneriano , em 1976, foram convidados os franceses Patrice Chéreau, cineasta do ótimo Rainha Margot, e Pierre Boulez, maestro sempre instigante e inovador. O resultado foi esse estrondo que, naturalmente desagradando aos mais conservadores, oxigenou o festival, tirando-o da condição de mero templo da obra do compositor e inaugurandoespaço para reflexões e experimentações. Gerald Thomas teatrólogo tão fanático por Wagner quanto o rei Ludwig II, traduz bem a nossa emoção: “O Anel de Chéreau, é a mais genial montagem feita de qualquer ópera jamais montada em todas as épocas”.
Cenas de um Casamento, de Ingmar Bergman O filme visto nos cinemas era a edição reduzida desse seriado feito para a tv sueca, em cinco capítulos. A invasão da intimidade de um casal sueco e universal torna-se aqui ainda mais perturbadora.
Saraband, de Ingmar Bergman Cenas de um Casamento 30 anos depois. Última obra do diretor, um jovem octogenário ainda aberto a experimentações. Os recursos da computação gráfica são usados de maneira sutil e expressiva. Brilhante despedida.